segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Adolescência...

A rebeldia adolescente é uma verdade quase absoluta na história humana. Aquela maldita fase cheia de espinhas onde o objetivo principal é simplesmente passar “causando” o máximo possível. Justo por isso há uma incrível tendência de ignorar completamente os conselhos daqueles que, com certeza, sabem muito mais da vida que os próprios melequentos.

Tentar manter uma conversa inteligente com um adolescente é tarefa para verdadeiros guerreiros. Sei disso, pois, via nos olhos dos adultos na época o sofrimento que era para me doutrinar. A simples e única idéia do rapazinho estar falando com alguém que ele considera adulto já faz com que sua vontade de produzir sons caia drasticamente. A coisa toda vira praticamente um monólogo, com o adolescente numa expressão de “tromba”:
- Fala marquinhos, tudo bem, rapaz? E aí, como que você tá?
- Bem.
- Que bom… E o Fluminense hein, tá mal… Na terceira divisão hein?
- É.
- Tem acompanhado os jogos, torcendo?
- Uhum.
- E a mulherada, já tá namorando?
- (silêncio) – ele vira os olhos pra cima e ignora a pergunta. Esse é o momento em que você inventa uma desculpa e vai embora.

Acredito que, se fosse possível instalar um sistema de interpretação dos pensamentos desse rapaz supra citado, sairia algo como: “que coisa insuportável, será que as pessoas não percebem que eu sou diferente? Que eu sou especial? Eu tenho uma visão muito mais ampla, consigo compreender as coisas, detesto perder tempo com conversas idiotas”. O adolescente sempre se considera “mais” alguma coisa, quando a realidade o trata de forma muito mais dura.

Nessa fase, todos os conselhos são ignorados. Os pais deixam de ser o modelo a se seguir e passam a ser os obstáculos a se driblar. Aliás, todos os pais de adolescentes são insuportáveis e “os pais dos meus amigos são muito melhores que os meus”. Absolutamente todos os conselhos passam para a linha do “ai que insuportável”.
“Meu filho, não bebe na festa, você não precisa beber para se inserir”  Ai, que insuportável.
“Marquinhos, se você sentir que vai rolar alguma coisa com uma menina, não esquece da camisinha”  Ai, que insuportável.
“Você precisa passar o protetor solar”  Ai, que insuportável.
“Você não está usando drogas, né, meu filho?”  Ai, que insuportável.
“Marcus Vinicius, larga o computador um pouco, vem ficar com a família”  Ai, que insuportável.

Hoje em dia, chega a me assustar como o padrão de comportamento é quase o mesmo para todos os adolescentes quando o assunto em questão é a interação com adultos. Engraçado que eu achava isso nromal demais. Claro, muitos deles variam entre si, como “O Pegador”, “O Nerd, “A Piranha”, “A Santinha”, entre tantas outras variações, mas em resumo, quando se trata de gente mais velha, o comportamento é o mesmo. Aliás, já repararam que a variação entre si dos adolescentes é sempre com relação à quantidade de parceiros ou interessados do sexo oposto? Uma verdadeira guerra do beijo na boca, onde o status social depende inteiramente da forma como você lida com isso. Os rapazes sobem quanto mais mulheres “pegam” e as meninas sobem quanto mais homens “ficam interessados por ela”, lembrando que, se ela ceder para um número considerado “grande”, já passa para o status de piranha.

O tempo passa, é claro, e aquele adolescente rebelde, todo revoltado com o sistema, ora tímido e ora extrovertido que só usava preto, começa a perceber como os conselhos da mamãe eram sensatos. Percebem que a frase padrão do “eu nunca vou fazer com meus filhos o que vocês fazem comigo” não passava de rebeldia, pois agora tudo faz sentido. As experiências vão ensinando, a sabedoria dá seu “start” e a vida começa a ficar muito mais séria.

Marcus Vinicius

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